Todos aqueles atravessados pela linguagem são candidatos a uma análise.

Os que precisam falar de algo que carregam dentro de si há muito tempo.

Os angustiados. Os ansiosos.

Os que tem muito medo. Do desconhecido ou do conhecido.

Os tímidos ou envergonhados. Quem fala demais, se mostra demais, é desinibido demais.

Os muito curiosos.

Os que sentem ciúme, raiva, luto, tristeza, amor ou ódio.

Quem traiu. Quem já foi traído.

Os que se isolam, seja na solidão ou na multidão.

Crianças, jovens, adultos e velhos.

Aqueles que escutam outras vozes, sejam suas vozes internas, as de outras pessoas ou mesmo as imaginárias.

Quem tem medo ou pânico de morrer. Quem tem medo de viver.

Quem já pensou em se matar. Ou mesmo quem já tentou.

Quem sofre ou sofreu qualquer tipo de violência. Quem precisa trabalhar sua agressividade.

Quem acredita em qualquer coisa. Quem não acredita em nada.

Quem transa com vários. Quem nunca transou.

Os que se automutilam, auto-anulam ou autossabotam.

Os que não conseguem se aceitar.

Quem já se viciou em qualquer coisa seja comida, jogos, sexo ou drogas.

Quem deixa tudo pra depois. Quem sofre por antecipação.

Os que cometem erros graves. Os que supõem que estão sempre certos.

Quem não gosta de ninguém. Os que gostam de tudo e todos.

Os que aceitam qualquer coisa e os que não aceitam nada.

Héteros. Homos. Trans. Brancos. Negros. Indígenas. Homens. Mulheres. Dominantes. Dominados.

Quem está sempre disposto. Quem tem preguiça de tudo.

Os esbanjadores, endividados, consumistas. Os avarentos, mãos-fechadas.

Os ricos. Os pobres.

A “ovelha-negra”. O “certinho”.

O caçula. O filho do meio. O mais velho. O filho único.

Os pais. As mães. Os avós.

Os desempregados. Os empregados. Os chefes.

Quem estuda demais. Quem nunca estudou.

Crentes ou ateus.

Quem se preocupa demais com os outros. Quem não se preocupa nem consigo mesmo.

Quem se culpa por tudo. Quem bota a culpa sempre nos outros.

Quem pede desculpas sempre. Quem nunca pediu desculpas.

Quem sempre. Quem nunca.

Aqueles que sonham, choram, riem.

Os que são humanos.

Porque em suma, como nos disse Lacan, “todos os sofrimentos se equivalem”.  

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Ainda que, embora a psicanálise esteja disponível para todos, não será qualquer um que bancará ou se implicará na própria análise. Por isso, a psicanálise é para todos, mas não é para qualquer um.